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Cpers reivindica participação de sindicalistas em eleições para direções de escolas no RS

Secretaria Estadual de Educação exigiu declaração de não-pertencimento a entidades sindicais ou associativas, o que contraria decisão judicial de maio deste ano

Cpers reivindica participação de sindicalistas em eleições para direções de escolas no RS
Foto: Cpers/Divulgação

As eleições para diretores e vice-diretores de escolas estaduais estão no centro de um impasse entre a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) e o Conselho dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers). O motivo é a tentativa do Governo do Estado em restringir a participação de candidatos que pertençam a sindicatos ou entidades (como o próprio Cpers e outras associações de trabalhadores).

Na última segunda-feira (2), a menos de duas semanas antes das eleições, a entidade notificou a Seduc para garantir a suspensão da chamada autodeclaração de não-pertencimento a entidades sindicais ou associativas. Na prática, isso possibilita que membros de sindicatos possam participar do processo eleitoral de forma legítima. O impedimento de sindicalistas nas eleições havia sido comunicada pela Seduc às escolas nas últimas semanas, com base na Lei Estadual 16.088, de 10 janeiro deste ano.

Conforme a Seduc, o requisito foi inclusive previsto no edital de seleção para a disputa eleitoral, como cumprimento à legislação. A norma, aprovada sob protestos dos docentes, afirma que os candidatos não podem fazer parte de entidades sindicais.

Contudo, em maio deste ano, o Tribunal de Justiça do Estado concedeu uma liminar que suspendeu qualquer proibição sobre participação de dirigentes sindicais no processo eleitoral. Conforme o diretor-geral do 1º Núcleo do Cpers de Caxias do Sul, David Orsi Carnisella, houve a modificação de diversos critérios no atual processo eleitoral, que visam dificultar a participação de membros de sindicatos.

“O edital nos surpreendeu com essa impossibilidade de sindicalista concorrer e a gente conseguiu essa vitória com a liminar na Justiça. Outras mudanças neste ano foram a inclusão de uma prova para concorrer, algo que nunca havia ocorrido, além do curso que normalmente era exigido. Vamos seguir acompanhando esse tema”, destaca Carnisella

Contatada pela reportagem, a Seduc negou que exista qualquer interferência no processo eleitoral e que está respeitando a decisão da Justiça. Contudo, por meio de nota, reafirmou a existência da lei estadual que veda a participação de dirigentes sindicais nas eleições.

“Em cumprimento à lei nº 16.088/2024, este requisito está previsto no edital de seleção de diretores e vice-diretores da rede estadual de ensino do RS nº 01/2024, porém com a observação que está suspenso enquanto perdurarem os efeitos da liminar concedida em Ação Direta de Inconstitucionalidade, o que ratifica que este requisito não está sendo condicionante para a participação dos candidatos neste pleito de escolha dos diretores e vice-diretores”, destaca o comunicado.

As eleições para diretores e vice-diretores de escolas ocorrem no dia 16 de dezembro e serão realizadas de maneira eletrônica. Podem participar professores, alunos e responsáveis. Nos casos em que houver segundo turno, a votação será no dia 20 de dezembro.