
Um servidor da Secretaria de Obras de Caxias do Sul protocolou, no último sábado (8), mais um pedido de impeachment contra o vereador Hiago Morandi (PL). É o sexto pedido de cassação apresentado contra o parlamentar desde o início do mandato. A nova denúncia, assinada por Valdonir Paulino Rech, acusa o vereador de quebra de decoro parlamentar, abuso de poder e violação do Estatuto do Idoso, com indícios de improbidade administrativa.
No documento, Valdonir afirma ter sido alvo de “discurso de ódio e ataque pessoal” durante uma sessão do Legislativo, no dia 2 de outubro deste ano. Ele alega que Morandi utilizou linguagem “vulgar e de baixo calão”, citando nominalmente servidores públicos e o próprio denunciante. A representação também aponta que o parlamentar teria agido com “má-fé pública”, distorcendo fatos, ridicularizando sua condição de idoso e usando a tribuna para autopromoção em redes sociais.
O servidor destaca ainda que o vereador teria proferido expressões ofensivas, como “poste mijar no cachorro”, e o desafiado publicamente a “vir para o enfrentamento”, o que, segundo o denunciante, configura constrangimento e afronta pessoal. O pedido solicita a leitura do documento em plenário, a abertura de processo político-administrativo e, ao final, a cassação do mandato de Morandi ou, suspensão e retratação pública complementar.
Procurado, o vereador se manifestou sobre o novo pedido de cassação. Ele minimizou o caso e disse que “não se surpreende” com a denúncia.
“Só passando para esclarecer ali que mais um pedido de cassação — salvo engano é o sexto já — e sobre alguma fala minha, né pessoal, ele não gostou de algumas falas que eu fiz, em um a parte que eu pedi para o vereador Sandro Fantinel numa das sessões. […] Eu reafirmo isso. Pessoal acha muito ríspida a minha linguagem, mas foi essa minha linguagem mesmo que me deu o título de mais votado da história de Caxias do Sul”, afirmou.
O parlamentar ainda criticou o fato de o denunciante ser servidor público.
“Fico triste, novamente o setor público perder tempo com isso, perder energia, que é gasto com o dinheiro público, do contribuinte. […] A pessoa que fez o pedido é da Secretaria de Obras, né? Eu não preciso falar para ninguém os problemas que a gente tem referente a obras em Caxias”, completou Morandi.
Histórico de pedidos anteriores contra o vereador
Desde o início do mandato, Hiago Morandi já enfrentou outros cinco pedidos de cassação. O primeiro, protocolado em janeiro, partiu de Paulo Rodrigo Toledo Inda, vice-presidente do PSOL, que o acusou de expor pessoas em situação de rua em vídeos publicados nas redes sociais. O plenário rejeitou a admissibilidade da denúncia em fevereiro, com apoio da maioria dos vereadores e presença de apoiadores do parlamentar nas galerias.
Em outro caso, a Câmara arquivou denúncia relacionada a declarações feitas por Morandi em um podcast, nas quais ele associou o Centro Especializado em Saúde (CES) a “pessoas para morrer”. O Conselho de Ética entendeu que não havia elementos suficientes para dar continuidade ao processo.
O parlamentar também foi alvo de um pedido de cassação apresentado por dois médicos da UPA Central, que o acusaram (junto à vereadora Daiane Mello/PL) de abuso de autoridade e invasão de espaço médico durante uma fiscalização gravada em vídeo. A denúncia foi arquivada pela Câmara, que entendeu que o caso deveria ser tratado pelo Judiciário.
Com o novo protocolo, a Câmara de Vereadores deverá decidir se o pedido apresentado por Valdonir Rech reúne os requisitos formais para ser apreciado em plenário. Caso seja admitido, o processo poderá levar à abertura de uma comissão processante e à análise das condutas apontadas no documento.