Opinião

Criação da vida

Comentário de Sílvia Regina. (Foto: Reprodução)
Comentário de Sílvia Regina. (Foto: Reprodução)


Eu estava em São Paulo, na casa de minha amiga, quando a neta dele veio perguntá-la: “Vovó, o que é Evolução Teísta?” Fiquei perplexa, porque a menina tem 11 anos ade idade e, também, porque eram 10h da noite e o assunto seria abordado na escola no dia seguinte.

Estranhei que a escola fosse tratar desse assunto. Não em razão de que eu não lhe credite importância, mas porque, hoje em dia, ao argumento de sermos um Estado laico, falar em Deus já não está no radar de ensinamentos e abordagens nos bancos escolares. Sinceramente, não vejo que essa ausência (um vácuo de espiritualidade) tenha formado pessoas melhores.

Quantos de nós não teríamos dificuldades de auxiliar a menina na compreensão do que é o evolucionismo teísta ou evolução teísta? Eu mesma, teria uma certa dificuldade e certamente começaria pela Mitologia Grega (onde havia vários deuses para explicar, à mingua de conhecimento, fenômenos da natureza (Thor, deus do Trovão, por exemplo) e sentimentos (Eros, Gaia, Afrodite, Diké etc.), até o surgimento da Filosofia, primeiro, embases cosmológicas, depois e metafísicas, seguida pelo Estoicismo (já monoteísta) até cegarmos ao desenvolvimento judaico-cristão.

O fato é que o Evolucionismo Teísta nada mais é do que um dos três grandes pontos de vista sobre a origem da vida; os outros dois são a Evolução Ateísta (também conhecida como Darwinismo) e a Criação Especial.

A Evolução Ateísta diz que Deus não existe e que a vida pode emergir, e assim o fez, naturalmente de blocos de construção preexistentes e sem vida sob a influência de leis naturais (como a gravidade etc.), apesar de que a origem dessas leis naturais ainda não pode ser explicada.

A Criação Especial diz que Deus criou a vida de forma direta, do nada ou de matéria preexistente. Há uma grande variedade de hipóteses sobre a Criação Especial que refletem uma multiplicidade, inclusive aquela da perspectiva bíblica e Cristã.

A Evolução teísta, objeto do questionamento de uma menina de 11 anos, exclui o darwinismo e, ao revés, admite a existência de Deus e a criação segundo uma dessas perspectivas: primeira, se existe um Deus, ele não estava diretamente envolvido no processo de origem da vida. Talvez ele tenha criado os blocos de construção; talvez tenha criado as leis naturais; talvez tenha criado essas coisas com a emergência natural da vida em mente, mas, em algum ponto, no início, ele se afastou e deixou sua criação assumir a direção.

Logo, ele deixou fazer o que que a criação deseja e quer, seja isso o que for, e a vida eventualmente surgiu de matéria morta. Essa opinião é semelhante à Evolução Ateísta, pois as duas presumem uma origem da vida naturalística.

Já a segunda alternativa da Evolução Teísta diz que Deus não executou apenas um ou dois milagres para dar origem à vida como a conhecemos. Seus milagres foram numerosos. Ele guiou a vida passo a passo em um percurso que a transformou de uma simplicidade primitiva a uma complexidade contemporânea, em contraste com a tese da Criação Especial que presume que Deus agiu de modo supernatural de alguma forma para dar origem à vida como a conhecemos.

É relevante falar nisso para nossas concepções de vida? É importante que falemos com os nossos sobre os valores que nossa dimensão espiritual envolve? Pois eu fiquei impressionada que a escola ainda se preocupava com esse tipo de debate. Você não?