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Carência antiga, rota nova

Carência antiga, rota nova


Mesmo que seja um direito fundamental, uma grande parcela da população brasileira não consegue ter acesso à habitação. E essa realidade não é diferente aqui nas principais cidades da Serra Gaúcha.

E isso acontece por diversos motivos, mas um dos mais importantes é que a oferta de projetos habitacionais para as populações de baixa renda é sempre muito restrita.

Por isso, é preciso comemorar que, desde ontem, um novo futuro, uma nova vida se apresenta para 420 famílias de Caxias do Sul que moravam em situação de risco, que moravam em situação de vulnerabilidade social, na insegurança, e, muitas vezes em condições precárias, às margens da Rota do Sol há pelo menos 20 anos.

Pois essas famílias desde ontem começaram a se mudar para o Rota Nova, um projeto de habitação social que vai oferecer apartamentos e vida nova para essas centenas de famílias.

Mas, como eu disse, são apenas 420 famílias entre uma carência habitacional ainda muito grande, porque há poucas iniciativas pra diminuir essa dívida social e porque elas não são proporcionais à necessidade da população. Aqui, em todo o estado e nesta imensa nação.

Por isso, enquanto poucas famílias comemoram a conquista da casa própria com dignidade, os cinturões de pobreza seguem crescendo na invasão, na favela, na periferia e na informalidade.

Mas, além disso, é preciso lembrar que garantir moradia digna não é apenas oferecer quatro paredes, luz elétrica e água encanada.

É preciso garantir a presença do Estado.

Porque uma mudança como essa das 420 famílias caxienses para um condomínio exige acompanhamento social, e porque uma mudança como essa envolve uma transformação urbana muito grande e uma transformação social muito grande.

Por isso, é preciso acompanhar a adaptação dessas pessoas, promover encontros pra facilitar essa adaptação e permitir a convivência construtiva, mas, mais que isso, é preciso que o sistema viário esteja adaptado, que a escola e a creche estejam ali, prontas pra atender a nova demanda, que o posto de saúde possa acolher essas famílias, que o policiamento ostensivo ofereça segurança pra quem já estava ali e pra quem está chegando.

Pra que essa mudança, drástica na vida de todo mundo, seja, efetivamente, uma mudança pra muito melhor.