Institutos Federais nas cordas

Em 2007, o Cefet-BG (antiga agrotécnica) tinha R$ 3 milhões de reais em orçamento, 500 alunos, 50% de seu quadro…

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14:50 - 20/06/2017

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Em 2007, o Cefet-BG (antiga agrotécnica) tinha R$ 3 milhões de reais em orçamento, 500 alunos, 50% de seu quadro de professores substitutos e, pasmem, apenas um datashow em toda a escola. Não havia dinheiro para visitas técnicas. A escola possuía uma área de 230 m2 fechada, precisando de reformas, e sem recursos para tal. Esse processo era fruto de um brutal estrangulamento da Rede Federal de Educação Profissional patrocinado por uma década de um governo neoliberal instalado em Brasília (FHC) e que sucateou as instituições. Bento Gonçalves possuía o único curso superior federal da região: Tecnólogo em Enologia. O objetivo da política FHC era privatizar ou estadualizar as escolas técnicas no país. Depois de 4 anos, em negociações com o Congresso, conseguiu-se eliminar o Decreto 2208/98 que proibia a expansão do ensino técnico federal. Atualmente, está em curso um grande embate. Vamos aos currículos dos oponentes:

No corner esquerdo – 2007-2015 – O Campus Bento Gonçalves com mais de 1.0002 novos construídos (Biblioteca, Centro de Convivência, Almoxarifado, Pórtico), mais de 1500 alunos, mais de 100 professores concursados (a maior parte deles com mestrado e doutorado e, alguns com pós-doutorado), 10 cursos superiores com qualidade reconhecida pela avaliação SINAES e 3 novos cursos técnicos (Informática, Administração e Hospedagem), todo campus com wifi instalada e datashows em todas as salas de aula, projetos de pesquisa e extensão financiados pelo próprio IF ou captados de órgãos de pesquisa, e um orçamento de R$ 8 milhões de reais.

No corner direito – 2016-2017 – O Campus paralisado com novos concursos e com o corte orçamentário que já coloca o orçamento do Campus em R$ 5 milhões, valor nominal correspondente a 2012. Não há dinheiro para reformas, visitas e eventos de qualificação para alunos e servidores e o orçamento para a educação foi congelado por 20 anos pelo atual projeto governamental.

Árbitro: Secretaria Executiva do MEC (coincidentemente, a mesma pessoa e que esteve no mesmo lugar até 2003, retornando a partir de 2016 para arbitrar a luta).

Se durante mais de 10 anos tivemos uma valorização da educação profissional federal, pública, de qualidade e voltada para gerar oportunidades para aqueles que não a tinham, atualmente o caminho é inverso e preocupante. Em um ano, o retrocesso orçamentário está em quase 50%.

Pelo tamanho dos IFs, a privatização tão sonhada anteriormente será mais difícil, porém nada que não possa ser feito no modelo neoliberal vigente no mundo: cobrança de mensalidades, precedente já aberto para as especializações em instituições púbicas de ensino pelo Congresso Federal.

Os Institutos Federais estão nas cordas, quase em nocaute técnico. Está passando da hora de reagir. Talvez um jab, curto e rápido para afastar o oponente, possa ajudar. Mas urge reagir!

De resto, blábláblá daqueles que não tem argumentos para justificar o injustificável.

P.s. Os vídeos do evento de ontem estão disponíveis aqui 

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